Crônica: A verdade faz calar !

A verdade faz calar
Alberto, um garoto de 9 anos, humilde e quieto , todos os dias na escola sofria opressão pelo seus colegas de classe, pelo fato de ter uma enorme cicatriz no lado esquerdo do rosto.
Os outros alunos sempre o olhavam com nojo e receio, o excluíam dos trabalhos em grupo e das brincadeiras na hora do recreio, (Alberto também lanchava sozinho ). Até mesmo os professores o rejeitavam, ignoravam suas dúvidas, e não o auxiliavam durante as aulas.
Numa manhã de quinta-feira, os alunos e seus respectivos pais, aproveitando que Alberto havia faltado aula, tiveram a iniciativa de ir á escola pra solucionar o problema, pois a cicatriz de Alberto vinha a atrapalhar o desempenho de seus colegas de classe. Chegaram à conclusão de que “o menino da cicatriz“ deveria chegar antes de todos, ficar isolado no fundo da sala e só sair quando todos tivessem ido embora.
Quando Alberto chegou na escola sexta-feira foi comunicado das decisões tomadas na reunião. O menino concordou, mas com uma condição: contar o porquê daquela cicatriz horrível.
A diretora resolveu deixá-lo contar sua história. Então o menino se dirigiu á frente da sala. :
- Entendo a repugnância de todos vocês, em relação a mim. Mas gostaria que soubessem a razão dessa cicatriz existir. Quando eu tinha meus 6 anos de idade, minha mãe foi trabalhar á noite e me deixou cuidando de meus dois irmãozinhos. Mas como haviam, cortado a energia elétrica, por falta de pagamento, usávamos velas pra iluminar a casa. Por volta da meia-noite, todos nós caímos no sono profundo, acordei-me com um cheiro de fumaça, quando olho para a sala, a vela que tínhamos acendido havia caído e o fogo se alastrava rapidamente. Neste momento minha mãe chegou. Apavorada ela tirou eu e meu irmão menor. Estávamos para o lado de fora, quando percebi que minha irmãzinha ainda estava na casa. Mamãe já estava aos berros, e sem ninguém perceber, resolvi eu mesmo entra e salvar minha irmã, já a encontrei desmaiada, então me abaixei para pegá-la no chão, foi nessa hora que uma viga pegando fogo caiu no meu rosto.
- Percebi que o meu rosto estava queimando junto com a madeira, mas mesmo assim não desisti, segurei minha irmã nos braços e saímos da casa, apenas deu tempo de vermos nosso lar indo ao chão.
A turma toda se mostrou pasma ao saber a verdade, mas continuavam á ouvir ainda em silêncio.
-Essa é uma cicatriz de amor, todos os dias que chego em casa, minha irmãzinha vem correndo a meu encontro e beija meu rosto desfigurado em forma de agradecimento.
Por um instante todos ficaram calados, ouvia-se apenas a respiração de cada um.
(Texto modificado de autor desconhecido).